A motivação, enquanto impulso que leva o indivíduo a agir, tem se mostrado como um grande desafio para os gestores. Um bom trabalho realizado nesse sentido pode representar a chave para o sucesso do trabalho desenvolvido em equipe, garantindo o alcance dos objetivos das organizações e a confirmação do sucesso da liderança exercida.
A utilização de novas tecnologias associadas a inovadores comportamentos e visões profissionais, além do dinamismo e da agilidade que define a troca de informações e conhecimentos no cenário de negócios, são fatos que resultam na inserção de profissionais em diferentes e adaptáveis modelos de negócio. Esses profissionais, ao se inserirem nestes ambientes, também se transformam e passam a oferecer questionamentos e a propor ideias que ultrapassam os limites anteriormente previstos pela organização, motivando a sua transformação como resposta.
Nesse contexto, a complexidade e a relevância da utilização de estratégias voltadas à manutenção da motivação é reforçada quando identificamos que as equipes são, geralmente, heterogêneas, tendo em vista que os seus integrantes apresentam diferentes desejos, necessidades, visões de mundo, faixas etárias, gêneros, dentre outras características únicas e determinantes do perfil individual de cada um, tendo em vista as diversificadas experiências vividas.
Dessa forma, cabe questionar:
É possível criar uma estratégia coletiva que garanta a motivação de toda a equipe?
Para chegarmos a uma resposta para essa pergunta, sugiro a análise dos fatores que nos motivam e nos motivaram nos diferentes momentos e papéis que representamos em nossa vida. Vamos começar fazendo as seguintes perguntas:
1) O que me motiva a fazer tudo o que venho fazendo/realizando hoje?
2) O que me motivou para fazer tudo o que realizei há cinco, dez, quinze e/ou vinte anos?
Em seguida, sugiro que analisemos as diferenças que surgem entre os fatores motivacionais de hoje e do passado (mesmo que recente).
Ao fazermos essa análise, poderemos notar que, com o passar do tempo, apesar de sermos a mesma pessoa, passamos a ser motivados por diferentes questões. Um resultado natural, se considerarmos que passamos por transformações resultantes do desenvolvimento social, emocional e profissional que experimentamos.
Nesse sentido, partindo da premissa que uma mesma pessoa pode ser motivada por diferentes fatores nos diferentes estágios de sua vida, podemos afirmar que a definição de uma estratégia de motivação para equipes deve, necessariamente, envolver aspectos coletivos, mas, também, individuais.
Considerando a heterogeneidade inerente à composição das equipes, cabe destacar alguns tópicos que influenciam e esclarecem as diferentes respostas apresentadas pelos integrantes de uma mesma equipe, mesmo quando confrontados por fatores motivadores similares.
Os compromissos assumidos: o projeto de aquisição de um imóvel, a inscrição em um mestrado ou o comprometimento com uma causa social, por exemplo, são fatos que podem impactar diretamente nos objetivos profissionais, influenciando os resultados, as necessidades e a forma com que o profissional se sente motivado. Outros exemplos que, de outra forma, envolvem compromissos, se referem à constituição de uma família, o nascimento de filhos e o consequente desejo de oferecer estrutura e momentos destinados ao adequado relacionamento com familiares.
A transformação das metas pessoais como resultado dos novos conhecimentos e aprendizados adquiridos com as experiências de vida: as metas de vida podem se modificar quando passamos a conhecer um novo país, uma nova cultura, ou, ainda, quando conhecemos e analisamos sob outra ótica a realidade de pessoas que já alcançaram uma meta que pretendíamos no passado.
Novas etapas, novos desafios, novas metas: o início de carreira é permeado por muito trabalho, muitas novidades e, também, muito aprendizado. Após alcançar uma boa parte dos degraus, o profissional passa a ter uma percepção mais apurada do mercado, do seu valor, de suas perspectivas profissionais e visualiza, de forma mais clara, o reconhecimento esperado, a qualidade de vida perseguida, além da representatividade do sucesso. Assim, com o amadurecimento, surgem novas ideias e a motivação passa a depender de objetivos que, muitas vezes, estão relacionadas a questões não necessariamente ligadas ao cotidiano das organizações. O gerente deve, portanto, estar atento para entender o ciclo de desenvolvimento de cada profissional a fim de oferecer situação propícia à satisfação de cada indivíduo, nos diferentes momentos de sua vida.
Concluindo
Considerando que a maturidade surge com os erros e os acertos resultantes do processo de construção da história de cada um, podemos notar que, para promover a motivação dos integrantes de uma equipe, além de buscar definir estratégias de alcance coletivo, devemos nos aproximar de cada pessoa a fim de conhecer desejos, receios, percepções e atitudes.
A motivação depende, portanto, de estímulo e personalização e deve ser monitorada para que seja periodicamente adequada à realidade que vive a equipe, considerando o dinamismo inerente ao desenvolvimento das organizações, bem como o desenvolvimento pessoal de cada integrante da organização.
Por Felipe Cruz